... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...

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Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano II Número 14 - Maio 2010

Poesia - Ruy Espinheira Filho

Pintura de Adrian Lyndon

Soneto do sino e do tempo

Ouvir um sino é como abrir o tempo.
O tempo nítido de uma cidade
ornada de andorinhas e silêncio.
Um tempo que se estende desde o alto

das casuarinas às vagas colinas
em que morre o horizonte e onde um tesouro
de esperanças oferta-se em caminhos
vastos de amores, glórias, ilhas de ouro.

Respirar esse tempo é azul e calma
sobre quintais, varandas, cães, meninos
e meninas serenas e de tranças,

e sonhos de distâncias e destinos
em nós adormecidos e acordados
por esse dia aberto à luz de um sino.

Ruy Espinheira Filho nasceu em Salvador, Bahia, em 1942. Publicou 12 livros de poemas e vários de prosa e ensaio. É professor aposentado de Literatura Brasileira do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia. Este poema pertence ao livro Sob o céu de Samarcanda (240 págs.), lançado no final de 2009 pela Bertrand Brasil.